segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Avé Mundi

Conforme prometido, eis-me a escrever sobre religião, e as minhas crenças e fés.É um tema complicado, mas se pensar bem, não deveria aplicar á religião, os mesmos medos e cuidados, que referi ter com amor, minha vida intima pessoal e exposição social, porque escrever e falar sobre fé, e Deus deveria ser um prazer e até convicção pessoal, não de um fundamentalista religioso, nem de alguém que quer impingir as suas crenças aos outros de forma quase sufocante.Nada tenho contra evangélicos, testemunhas de jeová, as diversas igrejas que proliferam e até diferentes crenças religiosas, no fundo apesar de uma educação católica convicta, meus Pais, sempre me permitiram ter liberdade de ação, por isso, deixei de ser um católico praticante e serei hoje um cristão apenas convicto.
No fundo, a vida foi-me ensinando que a religião tem muitos perigos, e talvez o maior seja o da imposição fanática e um certo fundamentalismo em poucas pessoas perceberem que deveria haver um traço comum a milhões de pessoas em todo o mundo, que em vez de as unir, muitas vezes as separa - refiro-me a uma maioria da população mundial acreditar num Deus, numa força superior, que dá sentido á vida, força essa superior, não apenas por poderes divinos, mas por uma transcendência superior ao nossa vida mundana.
Será mais facil perceber estas minhas divagações divinas, se pensarmos o seguinte:
Seriamos nós católicos, muçulmanos, ou todas as derivações religiosas existentes no mundo, se tivessemos nascido em diferentes contextos educativos religiosos?
isto é, tivesse eu nascido na Arábia saudita, seria eu um cristão? obviamente, casos há de pessoas, nascidas num ambiente religioso, que posteriormente derivaram em outras crenças religiosas, mas são casos raros, e com contextos muito particulares.
No entanto, sabemos que na maioria das crenças, a existência de um Deus superior, é um traço comum, que deveria dar uma compreensão e entendimentos ecuménicos que ao longo da História não aconteceram.
Aqui, esta minha explicação, necessita obrigatóriamente de uma ressalva fundamental, esse traço comum que poderia ser base de entendimento e harmonia ( a ideia de um Deus como força superior, criadora) teria que ter um elemento que nem sempre existe nesta maioritária comunidade crente numa divindade superior - a da bondade divinda, de um Deus justo, com ideais e filosofias amigas do ser humano.
Na verdade, não acredito que a minha "salvação" seja por ser católico, ou ortodoxo, islamita ou qualquer opção religiosa.Um Deus "bom" não impediria vida além da morte e sua "recompensa" por uma escolha de etiqueta religiosa, mas sim, pela vivência de principios e da nossa contribuição para um mundo melhor.
Por isso, mais que sermos católicos, ou islãmicos, é a nossa indole e vivência como seres humanos que nos dão algo que nem todos queremos, a tão complexa ideia da vida após morte fisica, a dicotomia céu /inferno.
Tenho refletido muito sobre a minha conduta,, não estivesse eu a entrar na meia idade, e pudesse fazer um retrospetiva sobre as minhas primeiras 4 décadas de existência ( uiiii acabei de me sentir pela 1ª vez um género de papiro egipcio da era Ramsés, caramba o tempo passa vertiginosamente, e eu preciso de o fazer parar não cronológicamente, mas no meu interior, para que possa reequacionar minha existência).
Tenho memórias de uma muito maior partilha com DEUS, aquando da minha infância até minha adolescência, acho irónico que possa acontecer algo que não sei, se é comum a muita gente, e suspeito ir acontecer comigo, divagarmos na vida e acabarmos numa terceira idade de reencontro divino e de maior dedicação religiosa.
Uiiiii mais uma vez soou-me tão mal...a minha esperança é que pelo menos não seja um reencontro como muitas vezes vejo a pessoas idosas, de reaproximação com Deus, mas por aproximação do fim de vida, e de meras rezas ritualizadas, e do que comumente chamo de catolicismo praticante sem alma...ir á missa, não nos torna melhores.Mas a experiência e a vida pode pelo menos dar-nos ensinamentos, para que possamos encontrar-nos connosco próprios, eu confesso ainda tenho um grande trabalho pela frente.
Vejamos, honestamente considero-me um tipo de boa indole, nunca fiz mal grave a ninguém, meus pecados são o q poderia designar de essencialmente egocêntricos, e de menor dimensão comparado com o que vejo por ai.
Pois, mas essa é a minha maior inquietação, eu tenho consciência que não é o fato de não fazer mal aos outros e de ser um "bacano" não me faz o ser humano, com um legado que me orgulharei.Até agora, a minha postura é muito a de... não se metam comigo que eu não me meto com ninguém, a de querer viver essencialmente á minha maneira, e muitas vezes ter a atitude...que se lixe o mundo.
Esse será o meu desafio no que resta da minha vida, preocupar-me mais com o outro, contribuir mais para o mundo que vivo, isso fará de mim, melhor ser humano, não é facil, quando ás vezes sentimos que o mundo também nunca nos ajudou e que antes de podermos ajudar quem nos rodeia, precisamos de nos ajudar a nós primeiro.
Escrever é mais facil que praticar, como ter uma religião não é nada, se não houver uma prática correspondente...simples dixit ...

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Crazy litle thing called love

Há dois temas que ainda não versei nas dezenas de artigos que já escrevi.
Começei a questionar-me porquê, se considero duas das coisas mais importantes da minha vida, porque  razão ainda não escrevi sobre o AMOR e Religião?

Bem, se já nos assuntos da minha vida profissional e social, tenho cuidado em não me expôr demais, imaginem sobre as mais profundas convicções do meu ser...
Respeito sempre a postura de todas as pessoas, sobre como resolvem expôr-se mais ou menos, acho que cada um sabe da sua vida, podemos é depois ser analisados e criticados, mas viver é isso mesmo arriscar e expôrmo-nos um pouco, se tenho fronteiras, não é por medo, do que acham os outros, mas porque de formação sou dos que acredito que a dôr (morte de alguém, a familia, a religião, o amor, são tão pessoais, que 1º se devem digerir e quando lidarmos bem com elas, á posteriori, muito bem, podemos partilhá-las).
No entanto, não lido bem com a ideia de vir partilhar com 500 "conhecidos" no facebook, ou até em grupos mais ou menos conhecidos, num café, dos meus sentimentos mais profundos, ás vezes até com os mais chegados é dificil, imaginem numa rede social.
Mas isso quer dizer, que eu tenho temas TABU ? Não, apenas vou partilhar ideias e sentimentos mais conceptuais,  do que partilha de experiencias concretas e de pessoas individualizadas, isso acho de mau gosto e pior contexto.

1º Artigo, será pois sobre o AMOR, esse bicho complicado e que por alguma razão o poeta tão bem descrevia ... "amor é fogo que arde sem se vêr"....
Na verdade, eu sou muito liberal e democrático no que a este complexo conceito diz respeito.
Não sou desencantado, mas também não sou idealista e romântico.
Desde logo, nesta etapa da minha vida, já tenho alguma legitimidade dada pela experiência, para assumir, que não acredito na ideia, de amor enquanto conceito ocasional ou da sorte de encontrarmos alguém que nos dará o clike, que faz sem explicação sentirmos um sentimento unico e que acontece uma vez na vida.
Atenção, esta minha opinião, é pessoal, fruto de experiências, não vendo tratados e regras generalizadas a todos, cada um acredite no que quiser, apenas acho interessante partilhar sentimentos, ideias, e perceber se estamos isolados na partilha dessas ideias e convicções.

Eu acredito que somos capazes de nos "apaixonarmos" várias vezes, não pelo divino Espirito Santo que desce sobre um casal e os bafeja com o dom do sentimento do AMOR, mas porque nos expomos e permitimos por um conjunto de condições, a acreditarmos e incorporarmos um sentimento que acaba por se tornar verdadeiro.porque acredito que inicialmente nunca o é.
isto é, eu nunca acredito naqueles que me vêm com a história da carochinha, que um lindo dia, numa esplanada qualquer depararam-se com alguém e quando os olhares dos dois se cruzaram, logo ali, perceberam que aquele era o amor da vida deles.
Que patacoada, podemos ter posturas e formas diferentes de sentir, mas não há poções mágicas, ou notamos em alguém porque nos atrai fisicamente, ou têm uma postura, discurso, um magnetismo, que nos impele a aproximar-nos.
O amor, é como a felicidade, para mim, um estado de espirito momentaneo, aquilo que me leva a achar que estou apaixonado, é algo verdadeiro na hora, mas talvez ilusório ao fim de uns anos, em função da evolução da relação.
La Palissiano dirão, as relações são feitas de momentos, e por alguma razão, as pessoas aproximam-se e separam-se, logo, têm estado de espirito diferentes em função do grau de envolvimento.
Bem, mas ai, o tempo, é o melhor barómetro para aquilatarmos da genuinidade do sentimento de ter havido ou não amor.
Concordo, ai, sim, se me disserem ao fim de uns anos, com mais relacionamentos, e com uma convicção que eu ainda não tive, ok, eu aceitarei que um de vocês me diga, eu amei alguem.
Amar, é algo muito complexo e abrangente, eu também posso afirmar que amei alguém durante uma relação, e não ser verdade, há multiplas questões que nos levam a acreditar legitimamente naquele sentimento ( e naquele contexto termos a nitida convicção de que amamos) mas apenas o tempo e termos de comparação, me levam a poder assumir se realmente amei.
Não quero parecer um ateu ou agnóstico no que ao amor, diz respeito como tal, quero desde já assumir que perante pessoas, que me dizem Alexandre, eu realmente sei que amo, porque tenho uma convicção profunda, ai, eu digo, ok, acredito, mas como São Tomé, eu preciso de sentir ( Vêr) para Crêr e como até agora não senti, não creio.
No fundo acredito mais, no amor, que se desenvolve, podemos escolher alguém e essa pessoa tb nos escolher, e com a convivência e desenvolvimento da relação deixarmo-nos envolver e realmente evoluir numa relação de amor genuino, mas trabalhado pela vivência e afeição.
Haverá outras formas de amor? concerteza, mas ai, são derivações, paixões assolapadas, a geração dos nossos Pais, foi formatada a casar quase por imposição social ou por necessidade de autonomia precoce face a depedência familiar, muitos destes casamentos e relações nasceram de relações que no inicio de amor nada tinha, mas que o tempo, a vivência e a cumplicidade, tornaram quiça em amor á sua maneira verdadeiro.... respeito.
E que dizer, do amor, fulminante dos casais, "á la Luciana /Djaló" ( desculpem a individualização mas quando me lembrei achei bom exemplo) cujas juras de amor verdadeiro e genuino contra tudo e contra todos, rapidamente virou e é hoje eventualmente renegado e explicado como algo que não era amor?
A vida é complexa os sentimentos ainda mais, ás vezes vivemos dezenas de anos, com a convicção de que somos algo e de repente, descobrimos que estavamos enganados, isto resulta apenas numa ideia, vivamos intensamente enquanto dura, com a convicção apenas de que naquela altura o que nos parece verdadeiro e genuino, poderá rapidamente mudar para uma ilusão quando olhamos para trás de forma distante e fria.
Eu não acredito no conceito da nossa "cara metade" mas se vc acredita, otimo, viva intensamente enquanto dura, seja honesto consigo enquanto estiver sob o "feitiço" daquela coisa louca chamada Amor....

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Copo vazio ou meio cheio

Tenho pânico e receio de parecer um "chorão", isto , em função das agruras da vida e de ter propensão a "desabafar e exprimir-me" sobre desilusões, ansiedades e injustiças mundanas, é facil, ter a sensação que tenho tendência em ser miserabilista e recorrer ao lado "obscuro" da vida, e na verdade, amo a vida, amo as relações entre pessoas, as culturas e pensamentos diferentes.
É por ter este receio, que muitas vezes nem exprimo em toda a dimensão meus pensamentos e desabafos sobre o que penso verdadeiramente do mundo em que vivo, e reflexões pessoais sobre "o meu mundo", por isso, hoje quero debruçar-me sobre a teoria do "copo meio vazio ou meio cheio".
A vida ensinou-me que existem sempre dois ( ou mais lados) de todas as situações.
A minha verdade não é a tua, a minha perspetiva é sempre desfocada da realidade dos outros.
Por isso, sem querer fazer disto um manual sobre regras para bem viver, há pelo menos um denominador comum que encontro na minha experiência de vida, que acho poder ser extensivel a todos em geral.

Controlar expectativas-
Sim, eu hoje tenho a noção que passei por tantas dificuldades, e agruras, que seriam suficientes para derrubar muito ser humano.Não quer dizer que tenha superado tudo, e que seja hoje feliz ( acho a felicidade um estado de alma temporário e momentâneo) mas vivo com pouco se necessário, porque a vida me ensinou a controlar as minhas expetativas.
Isso, é algo muito pessoal, e obviamente, não acho que as carateristicas de cada um sejam iguais, e possiveis de copiar, mas o denominador comum existe, quando as pessoas conseguem baixar, ou aumentar as suas expetativas em função da sua situação, podem sobreviver aos "choques e traumas" da vida.
Quando estamos habituados a caviar mas conseguimos comer sardinha, estamos no bom caminho para sermos capazes de sobreviver e viver bem connosco, sem fazermos de situações complicadas um drama.
Há anos, atrás seria dificil imaginar-me viver 2 ou mais meses, num hostel tendo que compartilhar dormida com mais pessoas, hoje seria capaz de o fazer sem qualquer problema, é apenas um exemplo banal de algo, que nem é significativo em termos de esforço, mas que serve de exemplo para percebermos, que tudo na vida é uma questão de perspetiva, só assim, compreenderemos o homem sem braços, sem pernas, de sorriso aberto e a sorver da vida o que ela lhe pode disponibilizar, enquanto, vemos milionários em depressão, porque não conseguiu fechar negócio de milhões.
Só assim, entenderiamos porque os povos nórdicos, tem um indice de suicidios elevadissimo, quando são dos povos do mundo com melhor condições materiais de vida, com mercedes á porta, apartamentos de luxo e mulheres lindissimas,mas desesperadamente vazios e sem motivação de viver.
Enquanto não entendemos algures nos confins do mundo em situações de precaridade abomináveis, pessoas sem nada, passarem 16h por dia a sorrirem e aparentemente felizes,e apenas 16h  porque nas restantes 8h dormem.
Eu acredito que isto, por muita análises socio culturais, que se façam, se resume ao dominio das nossas expetativas, se elas forem altas e não as soubermos baixar, um simples mau negócio, poderá ser o fim do mundo, se soubermos controlar e relativizar as coisas más, poderão ser a janela que se abre depois de uma porta se fechar.
É por todas estas conjeturas, que existe a democracia de escolha e opinativa que faz com que eu respeite, e admita o cenário de esperança para o nosso País, que tem tanta coisa fantástica e que nem temos noção quão boas são (apenas quando sairmos do país e virmos a realidade dos outros, relativizaremos o cenário de fato negro, que atualmente vive Portugal).
Mas não basta, termos uma paisagem unica, uma gastronomia fabulosa, infraestruturas otimas, precisamos de pessoas menos hipócritas e pessoas reais, não uma população cada vez mais"faz de conta" que aperenta o que não é, que se preocupa com o que não deve, que dá prioridade ao que não importa, usemos a crise, para nos transformarmos, aproveitemos as dificuldades para nos tornarmos mais humildes e um povo que não precisa ser modelo, nem exemplo para ninguém, apenas verdadeiros, Portugal foi, e poderá ser de novo uma nação unica e com papel unico no Mundo, Navegar é preciso....
No fundo aprendamos a controlar as nossas expetativas, elas não precisam ser a de sermos de novo os nossos antepassados Grandes descobridores, apenas redescobrir-nos a nós próprios.

sábado, 4 de agosto de 2012

Fim da idade da inocência (2º capitulo de uma crise anunciada)

A nossa dificuldade em nos vermos fora do nosso "eu", sempre é a parte mais complicada da nossa auto-análise, no entanto, arrisco a assumir, que sou de base um ingénuo, um provinciano, que aprendi com a vida a ser mais cauteloso, defensivo e mais realista.Longe vão os tempos da adolescência em que acreditava que o ser humano é por natureza bom ( a célebre dicotomia Thomas Hobbes vs Maquiavél) , na verdade, na prática ainda hoje acredito, pois, apesar das minhas defesas e experiências me terem "endurecido", a verdade é q na prática, mantenho-me um "crente".
No fundo, a experiência diz-me que há coisas de base, que podem ser trabalhadas, mas não "arrancadas" ao nosso ADN.Tenho a nitida sensação que fui mudando a minha postura de "idealista e naif" a partir da minha chegada ao Porto e Universidade.
Eu achava que estava a chegar á 1ª divisão da idade maior, da superioridade moral, Universidade como local de formação e pessoas, cujo estatuto seriam intocáveis, pois, Professores e Admnistradores de uma Universidade não são empresários de fábricas de sapatos, nem vendedores da banha da cobra.
Triste ingenuidade a minha, bastaram poucos meses, para perceber que essa ideia, nada mais era que um "monte de areia derrubado ao 1º encontro com o vento" realidade de uma natureza que não se compadece com idealismos, mas sim, com a realidade de uma sociedade que na sua pirâmide já revelava, sinais, de uma crise anunciada. Desde cedo chegado á Universidade, resolvi envolver-me na vida Académica e dirigismo associativo, rápidamente me apercebi que havia um status quo intocável- desde postos de destaque na estrutura da Instituição ganhos, não pelo mérito das classificações académicas e dinâmicas de trabalho, mas pelos compadrios e relações familiares e de caciquismo, até ás relações duvidosas entre o poder politico, e a nomeação de diretores de departamento e docências de figuras ligadas ao cenário politico, e irónicamente, só agora alvos da incredubililidade de uma opinião publica, que não percebe, que há anos existem estas relações promiscuas entre o poder politico e o mundo das Universidades.Isto, para não falar das relações intimas, eticamente reprovaveis entre Professores e alunos que ainda o são, sobre esta questão, quero salientar que nada tenho de puritano, acho que não há mal, em relacionamentos entre professores e alunos, desde que um dos dois já não tenha esse estatuto há altura, isto, é, enquanto alguem avalia outro , torna-se obviamente perigoso manterem relação, a qual lançará sempre suspeição na avaliação.
Falo do Universo Académico com mágoa, aquilo que sou devo-o muito á Universidade, ao dirigismo associativo que me formou e me estruturou na minha vida profissional, mas falo separando mais uma vez a instituição das pessoas, eu nunca renegarei o meu amor, á instituição que me formou, mas tenho hoje uma profunda mágoa, pela maior parte das pessoas, que a certa altura tiveram responsabilidades na gestão e administração da Instituição, as quais, não satisfeitas pelo protagonismo e recompensas pecuniárias que da Instituição beneficiaram, não só não me respeitaram como alguém que muito dei á Instituição como não respeitaram a entidade que durante anos, representei e tudo dei como Presidente.Não vou sequer descrever as atitudes em particular, que levaram ao extremo de ter que ter accionado judicialmente a Instituição, pois essas serão julgadas em tribunal, mas são mais um exemplo da minha desilusão perante uma parte importantissima da minha vida, a vida Académica, a qual foi tão rica, e acabou manchada, por pessoas, que nem sempre sabem estar á altura dos lugares que ocupam em Instituições de Ensino, que mais parecem empresas familiares, em que só cabem primos, tios e irmãos...Quo vadis Portugal?

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Desilusão esperançada

No meu recomeço destes artigos, prometi que ia escrever sobre minha experiência nos ultimos 6 meses, a minha segunda ida para o Rio de Janeiro.Referi também que escrever sobre a minha vida pessoal, é perigoso, pois, sou dos que acha que exposição demasiada sempre trazem más interpretações e efeitos nefastos.
De qualquer forma, decidi, que é importante para mim, partilhar e refletir sobre minha experiência, tendo até efeitos terapeuticos pessoais, limitarei é a descrição de nomes e procurarei mais as generalizações do que as particularizações.
Os que me são mais próximos sabem, que há anos, queria sair de Portugal, ainda não se falava em crise, e já me sentia limitado e frustrado com o ambiente do País.Aliás, fiz vários comentários, em que separava o País ( que amo profundamente, junto com minha cidade do Porto) dos Portugueses, os quais, me parecem perdidos nas suas obcessões materialistas e do sucesso a todo o custo.Obviamente, que quando falo em "Portugueses" falo das pessoas, com quem lidei, tenho a certeza que existem muitos Portugueses de boa indole e excelentes pessoas, mas o ser humano, fala e sente de quem convive e se relaciona, e como dizem os "irmãos" Brasileiros, eu tenho "dedo podre" para escolher mal pessoas.
Na verdade, a minha vontade é de esquecer alguns traumas profissionais, de sociedades que ainda hoje me trazem problemas e más experiências, e de um estilo de vida, que não me motivava em Portugal.Somos um País com tudo que seria preciso para se viver bem ( natureza lindissima, infraestruturas optimas, alguma tranquilidade e segurança cada vez mais raras) mas falta-nos o que para mim, ainda é fundamental; interação entre pessoas, relacionamentos, divertimento puro e não interesseiro, no fundo uma qualidade de vida, que é algo pessoal, e no meu conceito, eu há muito não tenho essa qualidade de vida no meu País.
Refira-se que não acho, nem nunca tive tal presunção, que as pessoas de outro País, sejam melhores, ou que as minhas desilusões com pessoas, não existirão no Brasil ( pessoas de má indole existem em todos os lados), apenas constato, mesmo depois de mais de um ano de vivência no Rio de Janeiro, que existem prioridades de vida, e predisposição aos relacionamentos pessoais, com que me identifico na cidade maravilhosa.
Posto, isto, qual o balanço que faço de um ano de vivência no Rio de Janeiro?
Mesmo tendo noção de que ... a relva do vizinho parece sempre mais verde q a minha... reconheço que Portugal é um País unico com otimas condições, se fosse na comparação de condições e infraestuturas, concerteza, que a opção seria continuar em Portugal, mas a vida não é feita de ter boa habitação, boas estradas, boa comida, bons transportes, é feita de interação com quem nos rodeia, é feita de experiências e partilhas, é feita de emoções, e ai, por muito que me custe dizê-lo Portugal é um tédio, e um marasmo de emoções, um país mergulhado numa crise, que antes de ser económica é uma crise de indefinições, de falta de rumo, e acima de tudo, uma crise há muito anunciada, pelas escolhas de prioridades que há anos, escolhemos ( sim, também me incluo) - prioridades pelo materialismo e sucesso profissional a todo o custo, pela falta de cumplicidade e companheirismo nas relações de confiança e lealdade.
Encontrei no Rio de Janeiro, uma cidade e um país, ainda profundamente desiquilibrado, anarquico e corrupto...nada de novo, e teóricamente apenas desvantagens, mas por incrivel que pareça, eu preciso de uma certa anarquia, estou farto de uma civilidade hipócrita, de cenários certinhos, eu preciso de emoções, preciso de pessoas verdadeiras, preciso de viver de novo, e acredito que isso existe no Rio, ainda que esteja preparado para uma cidade de 8 ou 80, onde a fronteira entre o céu e o inferno é curta.
Irónicamente, a experiência deste ano de vivência, já me trouxe também algumas desilusões profissionais, mas também irónicamente, foram de novo Portugueses, a estar no centro de tais frustrações, estas queixas, são também antes demais, um reconhecimento que somos sempre parcialmente culpados desta fatal atração pelas más parcerias e temos que olhar ás nossas escolhas e "modus operandi" para perceber, que temos nossa quota de culpa, em todos esses processos traumáticos, ainda que no fim, ache que tenho consciência, que apenas sou culpado de dar condições que permitem aos outros usar e abusar de uma confiança que deveria estar acautelada por escrito e com salvaguardas.
Resumindo, sou facil de queda mas bom de me levantar, por muito que o cenário esteja complicado, irei até ao fim, na minha convicção de que mereço viver como quero, e me sinto melhor, felicidade é um estado momentâneo mas quero ter mais momentos de felicidade momentânea, até lá, é disfrutar da familia e deste País lindo mas com a sua alma vendida...
Quero voltar a correr no calçadão, beber água de coco, e tomar açai, ver bum bun's e sair na Lapa, ser mais um, no meio de milhões...até breve Rio