segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Pseudo Felicidade

Ser feliz,é para muitos, objetivo supremo, último,  para qual vivemos.Quando nos perguntam se somos felizes, independente da resposta, há uma generalização,  de que ser-se feliz é um estado duradouro, ou se é feliz, ou infeliz permanentemente.
Isto é uma falácia, ninguém é feliz permanentemente, há quanto muito, estados momentâneos de felicidade, ser-se feliz permanentemente, seria equivalente a vivermos permanentemente drogados. Tenho inclusive a percepção,  que para se ser feliz genuinamente, temos que conhecer bem a infelicidade, isto é,  podemos  ter muito dinheiro, sem nunca termos passado dificuldades, mas não daremos tanto valor ao mesmo, se não percebermos o quanto ele custou a ganhar.
Por isso, tenho dificuldade em entender, o porquê da nossa sociedade ( refiro-me exclusivamente à Portuguesa) apenas viver em função da projecção dessa pseudo felicidade, projetada num aparente eterno bem estar, uma sociedade que vive em função do parecer bem, projetar imagens de felicidade e sucesso.
Que melhor exemplo, do que as redes sociais, com suas fotos do melhor de nós,  sempre nos melhores destinos férias,  com nossas melhores poses, roupas, projetando sucesso e felicidade.
Depois, é o que sabemos, lá por casa e na realidade, são as eternas discussões,  traições camufladas, ou assumidas, contas por pagar mesmo que o BMW novinho em folha seja orgulhosamente exibido.
Em sociedade somos sempre felizes, sorrimos e projetamos um bem estar, quantas vezes falso, porque vivemos para os outros, e em casa são as depressões,  os comprimidos, o álcool,  e o descarregar nas pessoas que nos querem bem, a essas sim, mostrando o nosso pior lado, um quase constante mau estar, minutos antes falsamente transformado nos sorrisos e abraços,  numa aparente e hipócrita projecção de felicidade e bem estar para pessoas que nada nos dizem nem representam.
Eu também não me livro do muitas vezes, politicamente correto, mas há muito que desliguei o interruptor  do "falso bem estar" do preocupar me com as aparências,  se estou mal não disfarço,  se não posso gastar, não gasto e estou me borrifando, para o que os outros achem,também sou um produto  moldado pela sociedade do faz de conta, mas não sou escravo, nem vivo em função dessa sociedade, aprendi a viver com o que tenho, e não tenho medo de não ser feliz, porque muitos dos meus momentos de infelicidade, permitem-me usufruir melhor do menor número de momentos felizes.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

O eu só

Já todos ouvimos o clichê:Sozinhos nascemos e morremos sós...sendo um facto indesmentivel, há no breve hiato entre estes dois momentos...nascer e morrer uma coisa complicada, bela, triste, prazeirosa ( expressão roubada á criativa expressividade brasileira), chamada ... vida, e viver é um acto tão simples como complicado.
Há chavões,  "frases bem amanhadas" que como certas músicas, nos ficam no ouvido...uma delas para mim é..."prefirivel sentir dor que nada sentir"...os românticos sofredores, diriam a propósito,  que entre sofrer de amor ou sofrer de nada sofrer, preferem a primeira opção.
O ser humano, gosta de amar, mas também ser amado, se amarmos sem retorno, tornamo-nos uma negação de nós próprios,  porque, acabamos por nos esquecer quem somos e de mantermos a nossa dignidade, por isso, o eu tem que prevalecer, mas não o eu egocêntrico , mas o eu essência de quem sou, que nunca deve ser sobreposto pela anulação,  em função do outro.
A nossa capacidade de vivermos por nós próprios,  sem a obrigatoriedade do nós dois, não deve ser entendida como uma ode ao individualismo, mas como uma segurança que o nosso eu, nunca existirá genuinamente se for assimilado pelas rotinas do "nós dois", pois algures no processo, vais  fundir-te, e corres o risco, de deixares de ser quem és.
Por alguma razão,  quem viaja sozinho, costuma referir a experiência extraordinária que é,  a viagem supostamente e assustadoramente solitária,  acaba por tornar-se num aprendizado de vida e de autoconhecimento.
O nosso sofrimento por amor, é muitas vezes, uma ilusão auto infligida,  pois, não é a perda do outro, ou do sentimento em si, mas muito mais, a desilusão das expectativas de vida a dois, a falta da partilha, companheirismo, do sexo, do sentimento de pertença (não posse, entenda-se).
É no reencontro de nós próprios após a perda, que nos reconhecemos, fortalecemos, e estamos prontos para a luta, no entanto, toda esta dissertação,  poderia levar a um falso pressuposto...devemos previligiar o individualismo em deterimento do compromisso a dois?
É ai que volta o acto simples, mas complicado de viver... deviamos, mas não seria uma desilusão,  sabermos que nem sequer tentámos?
Fuckin live....