sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Contributo para a felicidade

Tenho receio de me considerarem um recorrente pessimista, pessoa cinzenta, e de apenas me lamuriar.
É verdade, que muitos dos meus posts, nos ultimos tempos, é sobre a minha desilusão para com os Portugueses, e é recorrente, uma critica ao estado de coisas, politica e comportamento social que há muito previa, nos iria trazer a um fado triste anunciado.

Mas não me sinto mal, por escrever muitas vezes sobre isso, porque como os Pais, que ralham e castigam os filhos, a maior parte das vezes apenas querem o seu bem, e como se diz, e concordo, apenas nos zangamos a sério, discutimos profundamente, com quem nos preocupamos e gostamos de alguma forma.
Tal comparação, aplica-se a este meu desagrado Luso que tanto me preocupa, não falo mal dos Portugueses, apenas com rancor, de quem acha q tem razões de queixa, mas de quem ama o seu País, mas não se sente bem com o ambiente, gostava de poder contribuir, para uma melhor sociedade e sentimento de pertença e orgulho em ser Português.

Infelizmente, ultimamente não tenho muitas razões para tal, e hoje quero falar sobre um exemplo que pode parecer de somenos importância, comparado com a dura realidade económica de injustiça social sobre a qual, já muito tenho escrito.
Hoje, no entanto queria versar mais sobre a nossa postura "cinzenta", e de nos levarmos demasiado a sério.Como é complexo explicar o que pretendo, falando dos comportamentos sociais, pela nossa postura hipócrita de acharmos que somos um país de brandos costumes, que somos todos uns "porreiros" e já não percebemos que já não somos o País, que há 15, 20 anos, atrás todos achavam dos mais hospitaleiros do mundo, que recebiam como ninguém turistas e emigrantes, que eramos um paraiso da segurança e paz, acho que não percebemos que já não somos esse País.
Que nos tornamos demasiado 1ª mundo, ainda q continuemos a ter uma justiça de 3º mundo, uma sociedade hipócrita que vive de aparências e que critica nos outros aquilo q ela faz por trás dos panos, sem se assumir.

Mas só melhoraremos se nos confrontarmos com nossos fantasmas, e meu contributo eventualmente insuficiente, e de grão de areia, é pelo menos exorcitar tais fantasmas, levando á reflexão se não podemos ser melhores, principalmente com nós próprios.

E como disse, a complexidade de explicar esta realidade de nos levarmos demasiado a sério, leva-me hoje a dar como exemplo algo menos importante, mas bem representativo, a nossa postura desportiva e de hipocrisia enquanto adeptos.
Sempre achei que o mundo do futebol, é muitas vezes representativo do espelho da sociedade e uma boa "parábola" da nossa sociedade.
E como sabem meus amigos e conhecidos, que meu passado recente, tem passado pelo País irmão Brasil, serve este exemplo de uma boa comparação.
Em Portugal, quando há um adepto que tenha uma postura mais "rude" de palavras agressivas ou de cantos insultuosos aos seus rivais, logo vêm os guardiões da moral e bons costumes, criticar e dizer, que assim, se incentiva a violência e que é feio insultar o árbitro e sua familia... pois, sabendo do contestado que serei, eu digo, bullshit, tretas, não concordo nada com isso.
Como em tudo na vida, há uma fronteira complicada entre o que é razoável e o que é "ultrapassar o risco", mas isso não pode ser justificação de uma sociedade de falsa moral que se choca com o que não deve, e não se choca com o que deve, senão vejamos:
Aqui entra o exemplo Brasileiro ( volto a insistir que não acho que ninguém seja melhor povo que outro, fdp's há em todo em lado, assim como boa gente), mas se há algo que admiro nos Brasileiros, é que não se levam demasiado a sério, quem vive lá, ou conhece a realidade do lado de lá do Atlântico, basta ir aos sites desporto e futebol, para ver a agressividade e insultos entre rivais e "xingamentos  como dizem" mas confesso que considero isso parte do folclore próprio do fenómeno, quem acredita que chamar filho da p... ao árbitro/juiz, é grave e instigativo de violência, não entende que há uma diferença entre o chavão e a intenção...ninguém quer mal á mãe do pobre juiz do apito, mas que é um cliché libertador da nossa condição de adeptos apaixonados, isso ninguém duvide, um clube quando ganha, canta "xingamentos" ao clube rival, isso é perigoso? q nada, perigoso, são os confrontos reais, as batalhas programadas entre claques, violência gratuita agendada na net, os impropérios futebolisticos na minha modesta opinião fazem parte do folclore, e podem até ser engraçados, basta ver os comentários nos sites brasileiros, para nos rirmos mais, do que em muitos programas de humor na tv.Mesmo quando somos adversários um comentario agressivo mas com humor e espirituoso, até nos fazem rir interiormente.
Em Portugal tudo é levado demasiado a sério, achamos sempre que é preciso o politicamente correto, mesmo quando sabemos que fazemos o contrário, somos capazes de criticar a Gabriela porque é demasiada ousada e promove a "safadeza"e promisquidade mas debaixo dos panos fazemos igual ou pior, em vez de nos preocuparmos com a fantástica e ainda atual critica social do seu autor... Jorge Amado...
Contra mim, falo porque acho que produto da minha educação Lusa, levo-me demasiado a sério.... ai maria jesus josé....eu quero lhe usar....vamo-nos usar todos....

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Ouvi dizer

O ser humano é um organismo complexo mas fascinante.A nossa capacidade de nos adaptarmos a realidades diversas e também elas complexas, é enorme, e constato que a minha experiência pessoal de emigrante, nos ultimos anos, me mostrou que nossos receios, medos e limitações podem sempre ser ultrapassados.
Sair do País e arriscar viver num local que nos é completamente estranho, que começamos do zero, não é facil, e a ideia de adoecermos, nos faltar a familia, de deixarmos de ter algumas rotinas, pessoas, e habitos lusos, a que nos agarrar, é limitativo na hora de comprar o bilhete de avião.
Há milhares de histórias, contextos que justificam saida de pessoas do seu País.
Crises, desilusões de amor, necessidade de fugir de algo, pura e simplesmente melhores condições de vida, há dezenas de motivações e não existem padrões que possam ser usados sempre que analisamos o porquê de nos tornarmos emigrante, detesto a palavra, não pela conotação "popularucha" da " Linda de Suza" e sua mala de cartão, hoje a realidade da emigração Portuguesa, é muito mais abrangente, daquela que nos anos 60 e 70 levaram muitos da geração dos nossos Pais a emigrar.
Detesto a palavra emigrante, (não emigrar) talvez porque não me sinto como tal, apenas sinto que sempre que saio do País, me liberto de prisões mentais, me liberto de complexos, que insconscientemente fui adquirindo ao longo da minha vida Lusa.
Não sou exemplo nem padrão de nada para ninguém, a vida foi-me limando asperamente a não contar com os outros, muito por culpa minha, que sempre segui o caminho da autodepêndencia, autosuficiência e devo ter aparentado a quem me rodeava que era uma rocha, um porto seguro, impenetrável, servindo mais vezes de abrigo, do que ser eu próprio a procurá-lo.
Dai, este meu desprendimento, que imagino a muitos, possa parecer desprezável de quem aparentemente não precisa de ninguém, ou facilmente se desprende de tudo á sua volta.
Explicar isto é muito complexo, e as minhas defesas, não mo permitem, por muito que queiramos usar a escrita como terapia e desabafo, há segredos que nem ás paredes confesso.
Apenas, tenho a convicção que a vida nos leva muitas vezes a caminhos, que não quisemos seguir, mas que de alguma forma o nosso comportamento, tortuosamente nos castigou conduzindo-nos a tais "destinos", mesmo que esses comportamentos nada tivessem de reprovável.
Sinto que a minha ousadia e dinâmica renovável perante algumas adversidades, se vai esfumando, ironia que chegue á meia idade, arriscando e ousando aquilo que não fiz na 1ª metade da vida, mas ao mesmo tempo, sinta, que perco irreverência, ousadia, fruto da cicatrização de feridas, que te vão dando a noção das nossas limitações, e da nossa pequenez perante as agruras da vida.
Já o disse, e repito, apenas tenho noção que estarei sempre a salvo e por isso, esta ousadia de meia idade, porque aprendi a dosear minhas expectativas e saber viver com as realidades sem me auto flagelar.
A vida é curta e eu tenho tanta coisa para fazer e como dizem os Ornatos Violeta, no seu épico - Ouvi dizer .... ouvi dizer q o mundo acaba amanhã e eu tinha tantos planos para depois....